domingo, 26 de fevereiro de 2006

Dois monólogos de Will Eno


Teatro/Will Eno
THOM PAIN (BASEADO EM NADA)
LADY GREY (A UMA LUZ CADA VEZ MAIS BAIXA)

3 E 4 MARÇO sexta e sábado 21.30 grande auditório
Entrada: 5 euros
Tradução Jacinto Lucas Pires (“Thom Pain”) e Marcos Barbosa (“Lady Grey”)
Direcção e Encenação Marcos Barbosa
Dramaturgia Jacinto Lucas Pires
Com Catarina Requeijo e Marcos Barbosa
Cenografia, Figurinos e Grafismo Sara Amado
Desenho de Luz José Álvaro Correia
Co-produção .lilástico/Culturgest/Casa das Artes (Famalicão)

“Thom Pain” (“Baseado em Nada”) – de Will Eno, é a construção – múltipla, rigorosíssima – de uma hesitação monumental. Absoluta quase, dir-se-ia. Um texto sobre o discurso e a exposição física, o medo e a narração, sobre os artifícios e os limites do teatro, e no fim da linha – por um certo inesperado avesso – sobre a própria alegria de estar vivo. Vivo em palco e vivo no público. Vivo ao vivo. Um texto que, na sua aparente leveza, fala dos mais sérios absurdos humanos, não se furtando a quase nada. E uma peça que consegue o feito louco de ir avançando às arrecuas.

“Lady Grey” (“A Uma Luz Cada Vez Mais Baixa”) – o outro monólogo deste espectáculo – é, também, o texto de um texto, digamos assim, palavras que se sabem palavras. Nele uma actriz tenta preencher o silêncio para, finalmente, eventualmente, conseguir agir. Num certo sentido, não se trata de uma história mas de uma pré-história. Quais as frases de chegar ao princípio? Will Eno, de quem já se disse ser descendente de Beckett e Albee, é dono de uma voz original e poderosa que faz das contradições forças e da banalidade iluminações. A sua escrita não se esgota no humor nem numa simples estratégia de – palavra horrível – “desconstrução”. As suas não-personagens são artificiosas para serem verdadeiras, as suas gargalhadas carregam tristezas mortais. Mas – “não é óptimo estar vivo?”. Um regresso .lilástico à tradução de textos de autores contemporâneos que, como em 1999 com “Variações Sobre os Patos” de David Mamet, pretendemos seja o início de um novo ciclo. Um espectáculo que, partindo da forma convencional do monólogo, se construa na direcção da ficção e que dela se construa a relação com o público.

Will Eno vive em Brooklyn. Escreveu “The Flu Season”, “Tragedy: A Tragedy”, “King: A Problem Play”, “Intermission”. As suas peças foram produzidas por companhias como o Gate Theatre, a Soho Theatre Company, Rude Mechanicals, NY Power Company, Naked Angels e na BBC Rádio. “Thom Pain” (“Based on Nothing”) ganhou um First Fringe Award no Festival de Edimburgo.

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