quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Exposição OBLIO da Artista Italiana ALESSANDRA D’AGNOLO na Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão

 1de Fevereiro a 30 de Março, Foyer
Inauguração da exposição a 1 de Fevereiro, com a presença da artista.
Apoio  
 Associazione Socio Culturale Italiana del Portogallo Dante Alighieri


Entre Veneza e o Porto
No mundo imaginário que a obra de Alessandra D' Agnolo nos apresenta, somos confrontados com a realidade que aparentemente negligenciamos de abandono ou de passagem fugaz e ludibriante nitidez, que de tão nítida nos ofusca, numa penumbra que ela nos faz tocar. É. nesse material frio da placa de lito que tempera existências perenes de objectos e de paisagens sem aparente importância no quotidiano e que, não a deixando indiferente, nos remetem para uma contemplação entre a nostalgia de um tempo passado, como de uma elegia a um tempo futuro.
Não são imagens banais as que as suas composições nos apresentam, apesar de os assuntos nos aparecerem vistos noutros contextos e noutras situações que a história da arte nos foi ensinando através de exemplos que a artista tão bem conhece e com quem tão bem convive, entre espaços geográficos e culturais tão sólidos como os canais que comportam as aguas de Veneto ou as margens de um rio dourado, como também, de quantos mares que aproximam os homens e lhes mobilizam a alma.
Todo o percurso, aparente estático das imagens na superfície, são viagens do olhar em torno de um sentido que nos faça entender o mundo que atravessamos transitoriamente, como encantatóriamente. São viagens que os seus olhos olharam e que generosamente partilham connosco.
Não são desenhos nem pinturas para distrair a atenção do que de essencial faz sentido. Sem artifícios, a artista constrói uma densidade que, por vezes dramática,
por vezes lírica, faz fluir a escrita entre detalhes de números, de folhas, de objectos de história dos costumes e da arquitectura, consoante o interesse da encenação e da vocação do seu discurso em enunciado. Consoante se tratem naturezas mortas que afinal, são todas as nossas representações.
Gravadora de formação e com um entusiasmo contagiante no que ao trabalho criador diz respeito, Alessandra D'Agnolo, dá-nos a oportunidade de ver como se viaja entre o Porto e Veneza, numa simplicidade tão afectuosa de calor quanto, por ironia de temperatura oposta, é o suporte das imagens que nos dão a ver um mundo infindável de motivos que, querendo ver se nos escapam, mas que ela nos restitui por inteiros ao mundo real que é sempre o da nossa capacidade de ser inteligente.
Vemos o que queremos ver, quanto aceitamos o que queremos aceitar. Mas, aqui, não temos espaço para duvidar do profundo labor e conhecimento que a artista transporta para estas fortes imagens de sombra e de penumbra. de contra-luz, quanto de diáfana planura lumínica de tão encandeados estamos de luz espectacular e ruidosa da turbulência do mundo que ela nos mostra, no silencio do seu sentimento e do seu testemunho singular quanto de rara de aparição.

Francisco Laranjo

Artista e diretor da Escola de Belas Artes do Porto


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