segunda-feira, 16 de abril de 2007

MACHINE LYRIQUE – Anabela Duarte


kurt Weill / Boris Vian
18 de Maio, sexta-feira, 22h00, Grande Auditório.
Entrada: 5 euros
M/3
Duração 90 m


Este disco/concerto apresenta canções possíveis e impossíveis de Kurt Weill e Boris Vian. Canções possíveis porque fizeram parte (relativamente) do mainstream musical do séc. XX e ambos os autores aproveitaram esse facto para se divertirem, divertindo....parodiavam o meio musical e cultural pós-guerra tanto europeu como norte-americano. Canções impossíveis porque muitas delas não eram socialmente nem políticamente correctas. È o caso de Le Deserteur ou de Je bois, de Vian, de Bilbao Song ou de Complainte de La Seine, de Weill, presentes neste disco. Vian adaptou muitas canções de Weill para a língua francesa e, inversamente, adaptou o francês às suas próprias canções....como a Blouse du Dentiste que era, afinal, Le Blues du dentiste.
A glossomania típica de Vian encontra também eco em Weill que usa a cultura e a linguagem populares para enaltecer algumas figuras do "underground" citadino como, por exemplo, as prostitutas (J'attends un Navire), ou os marinheiros (Surabaya,Johnny), também incluídos neste disco. O escritor e trompetista Boris Vian é um ser complexo, artista múltiplo e suficientemente ecléctico para perceber a existência de uma estranha e fina harmonia entre todas as coisas. O mesmo sucede com Weill, cuja passagem por Paris e USA o levou a desenvolver um idioma modernista pós-iluminado, ou seja, uma linguagem característica do 'fazedor' (a la Duchamp). Com a mente aberta aos variados estímulos criativos, independentemente de géneros e formas mas, simultaneamente, um atento conhecedor dos mesmos. Encorajando, desta forma, uma ética e uma praxis de vida empenhadas e não gratuitas.

Voz ANABELA DUARTE
Piano IAN MIKIRTOUMOV

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