Exposição Pintura de Helena Homem de Melo
Título Metamorfoses De 2 a 28 de Fevereiro, Foyer
Nada leveis para a viagem, nem alforge, nem dinheiro nem pão. Isto disse S. Lucas.
Helena Homem de Melo tem da e "na" viagem, o
sentido certo da aventura, pois que parte para regressar. E tem sido desse
saber, que para o viajante é como se fora a luz do mundo, que a artista, num
constante desassossego, faz fonte do seu trabalho. Ela viaja em direcção à vida
e faz do seu quotidiano objecto da sua arte.
A vontade de intervir torna o seu mundo, e o nosso, um
sítio melhor. A procura dessa amabilidade fecunda, transforma o trabalho de
Helena Homem de Melo nesse lugar apropriado ao viajante, à imponderabilidade
dos dias, à procura da felicidade e da realização de um mundo que nos oferece,
agora melhor, porque é sempre oferta generosa e de esperança nos olhos da
artista.
A sua criação caminha em múltiplas direcções e
sentidos, que vai da escrita às artes performativas, à pintura, à fotografia e
até à escultura. Todas as derivas por estes múltiplos e variados caminhos são,
no fundo, uma constante e permanente reanimação das cores de um Moçambique,
exacerbado na procura das águas da infância, o mesmo é dizer, fonte de toda a
felicidade e sabedoria.
É na viagem que, hoje e agora, penso na obra de Helena
Homem de Melo. Outros promontórios haverá por onde olhar. Mas hoje, apetece-me
vê-la, inundada desta luz salvifica, que é o único caminho por onde caminhar em
busca da felicidade. São estes os percursos que a artista partilha
generosamente connosco. Aceitemos pois, fraternalmente, este desafio.
Alberto Péssimo
Porto, 4 de Janeiro de 2013
Olho o mundo com vontade de o transformar. Faço do
cinzento - cor, do lixo - arte, do ferro - poesia. Mudo o sentido de cada
coisa, como se me metamorfoseasse naquilo que crio.
Este constante desassossego inebria-me e leva-me a
construir a partir de coisa pouca. Ora sou mar, ora tempestade. Ora me faço de
versos, ora de palavras sem rima.
Não repito, não padronizo, não quero saber de
estereótipos. Sou como sou, faminta do desigual, do improviso, da experiência.
Se me reconhecem numa tela? Talvez não, de tanto querer ser diferente. Mas só
consigo ser desta maneira, só esta loucura de querer pincelar a alma me deixa
ser o que a cada instante me dá vontade de ser.
Nunca esta obra faria sentido sem o espírito de um
Anjo, de um Mestre, de um Amigo. Sem uma Árvore, sem as quartas feiras mágicas
ao fim da tarde. Sem aqueles que, de uma maneira ou de outra, partilharam
comigo esta "Viagem ao mundo da arte".
Helena Homem de Melo
4 de Janeiro de 2013
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