sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Trabalhadores do Comércio na CASA das ARTES de V.N. Famalicão

Trabalhadores do Comércio
A brincar, a brincar, deu num caso muito sério do pop-rock português.
 Naquele quarto onde possivelmente anos atrás teria nascido uma outra grande banda mítica do rock feito em Portugal, os Arte & Ofício, o quarto onde certamente o Sérgio Castro teve muitos sonhos musicais e outros, nascia ao raiar dos anos 80 um novo projecto para o rock português. 

 
12 de Outubro| sexta| 21H30| Grande Auditório
Entrada: 6 euros/ Cartão Quadrilátero Cultural: 3 Euros
M/4
Duração: 90 m
 
Habituado a compor e a cantar em inglês, Sérgio Castro e Álvaro Azevedo, que na época ainda faziam parte dos Arte & Ofício, começaram a pensar numa nova banda  aventurando-se a compor e a cantar na língua de Camões, só que, para o Sérgio, era difícil ver-se a cantar em português. Eis que de repente, o João, um puto de sete anos, sobrinho do Sérgio, para espanto de todos, começa a cantar alguns temas que ia ouvindo o tio cantarolar. Assim, naquele quarto de muitos sonhos, na casa dos pais do João Medicis, onde o Sérgio dormia e trabalhava, nasciam os Trabalhadores do Comércio. Iniciavam a carreira como trio (Sérgio Castro, Álvaro Azevedo e João Medicis) no ano de 1980 e logo com dois singles para quatro sucessos imediatos. O “puto” para além da música da banda, era a grande revelação nacional. Ao trio veio a juntar-se Miguel Cerqueira, Jorge Filipe Santos e Zé Santos.
 No ano seguinte, gravam o primeiro álbum “Trips à moda do Porto” e eram editados mais dois singles, nos quais apareciam duas versões distintas do que até hoje ainda continua a ser o seu hino principal, “Chamem a polícia”. A banda da Invicta notabilizava-se pela irreverência das suas letras bem humoradas, onde se espelhava, e continua a espelhar, a realidade do nosso dia a dia, cantadas com sotaque à moda do Porto, ou, como dizem os mentores da mesma, numa “linguagem nortense”. 
Os concertos são sucessos incríveis, correspondendo ao alcançado com os discos. É a febre do Trabalhadores. Mas o puto precisava de crescer, estudar, brincar e assim, após a gravação do segundo álbum, “Na Braza” em 82, a banda pára de fazer concertos e de gravar. Inesperadamente, em 1986, surgem com o trio original, para concorrerem ao Festival da Canção com o tema “Os Tigres de Bengala” que alcança o primeiro lugar exéquo com Dora. Aproveitam para gravar e editar o terceiro álbum, “Mais um membro p’ra Europa”. Entretanto, Sérgio já vivia em Vigo, quando se reúnem de novo, em 1990, para gravarem o “Sermões a todo o rebanho” e desaparecem. Mas eis que o quinteto base volta a reunir-se e, em 2007, surpreendem tudo e todos com um novo trabalho denotando grande folgo e uma grande evolução. O álbum chama-se mesmo “Iblussom”, com João como guitarrista e vocalista ao lado do seu tio Sérgio. De novo no seu melhor, como que o regresso aos anos dourados, continuando independentes e a tocarem como nunca o que mais gostam, como suporte das suas letras brilhantes e divertidas, sempre com um sentido crítico social e até político. Assim continuam até aos dias de hoje somando êxitos em cada concerto e com um novo álbum comemorativo de três décadas de actividade, "Das Turmêntas hà Boua Isperansa" publicado em Dezembro 2011, de novo surpreendendo pela sua frescura musical e dando voz  o lado feminino da banda onde reinam três excelentes cantoras. Um álbum pleno de atualidade acompanhado de um livro onde se contam histórias da banda, dos seus membros e de todo o “boom” do rock português desde o seu início até ao fim da década de 90. O resto, dizem, fica para o próximo. Por estas e por outras, fiquem de olhos e ouvidos atentos nestes “gajos” do Porto que rapidamente cativam plateias por terras da Península Ibérica.


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